Por tudo aquilo que para nós é hoje, um dado adquirido


"olhe que não, olhe que não!"

Álvaro Cunhal num debate com Mário Soares . RTP . 1975


Em 75 não era nascida... nem perto disso... o meu irmão tinha 1 ano e os meus pais trinta e poucos. Sei que este debate foi acompanhado com grande curiosidade e entusiasmo cá em casa. Já mais recentemente, revi em documentários na televisão, partes desto mesmo e da então já celebre frase: "olhe que não, olhe que não".

Cresci a ver uns livros diferentes na estante da sala. Uns vermelhos... mto vermelhos que eu até achava piada porque eram muitos, pequeninos, e com umas capas cativantes porque eram de borracha... Tinham umas letras que mais tarde vim a perceber que eram chinesas. mas nessa altura nem sequer sabia ler... E mais alguns livros que sempre que mudavam de lugar, moviam-se sempre em grupo, ficando sempre todos juntos.

Havia - e ainda deve haver (tenho de verificar) - muitos livros escritos por senhores com nomes esquisitos, que eu só percebia na altura que nem portugueses, nem ingles ou franceses... Pois não, não eram... As siglas U.R.S.S não me diziam nada de mais.

Cresci a ir com o meu pai no dia 1º de Maio à Alamede D. Afonso Henriques e ver este senhor. Este e alguns outros a falarem para muitos mais... Ia pela animação, pela emoção de ver tanta gente com sorrisos na cara e em festa - Pelos balões está claro!... Sentia-se e cantava-se tantas vezes a Fraternidade.

Sinceramente não sabia ao que ia.
Sinceramente não me incomoda nada ter ido. Antes pelo contrário.
Sinceramente, nunca acreditei que "eles comessem criancinhas ao pequeno almoço".

Sinceramente... não sou Comunista...
mas aprendi a respeitar muito este senhor, pela sua coragem e pela sua luta naquilo em que mais acreditava.

Por tudo aquilo que para nós é hoje, um dado adquirido.


até sempre camarada!



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