Gestão

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(...)
aprende-se a calar a dor
a tremura, o rubor
o que sobra de paixão
aprende-se a conter o gesto
a raiva, o protesto
e há um dia em que a alma
nos rebenta nas mãos
(...)


lado (a lado) - mafalda veiga


20 anos.

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Paço de Arcos. 1983

Fez hoje 20 anos que me deixou. Que nos deixou.
Foi nas últimas férias de verão que fizessemos em S.Martinho, nunca me esqueço. No dia a seguir aos anos da minha mãe, não dei pela ausência dos meus pais lá em casa. Alguém me distraiu com alguma coisa. Ninguém me disse nada até que alguns dias mais tarde perguntei por si, já com desconfiança na resposta. Lembro-me de chorar sozinha, durante horas. Ainda hoje choro. Como não choro por mais ninguém. Gostava de me ter despedido de si.
Acho que ninguém entende este meu amor. Que é e será sempre a pessoa mais importante na minha vida. A mais bonita. E aquela que me conheceu melhor, até hoje.
A Avó foi a minha melhor amiga nos meus primeiros 7 anos de vida. Até hoje.

Não há dia que não me lembre de si.
Quando o aperto cá dentro é grande é consigo que falo.
É a si que peço força e coragem.
Foi a Avó que me fez melhor pessoa e me ensinou a acreditar que todos temos um lado bom, só que às vezes está mais escondido ou é preciso procurar mais fundo. E que nunca devemos desistir de ninguém.

Tenho saudades suas.
Todos os dias.
E acredito que, onde quer que esteja, continue a tomar conta de mim.


P.S.- não é a nossa melhor fotografia... mas é a que mais gosto. Porque o seu colo era o melhor de tudo.

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Momento Kodak #2

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Outra vez numa grande superficie. Por sinal a mesma do outro dia.
Outra vez a fila para pagar.
Desta vez o nosso cardiologista (e médico de clinica geral) escolhe a nossa fila entre as 60 possíveis no estabelecimento. Pontaria!?
O nosso carrinho das compras só tem merda... ele é sumos, ele é refrigerantes. Eles são latas de atum e latas de salsichas. No meio de tanta coisa lá se encontra 4 pessegos e uma caixa de tomate cereja. Bolachas. Fiambre e queijo embalado. E a cereja no topo do bolo: uma pizza congelada.

O diálogo possível foi:
-Olá Doutor, como está?
-Olá. Viva! Como vai? - diz-me ele enquanto olha para o meu carrinho de compras.

Nunca me tinha passado pela cabeça que era possivel ter o nosso médico a constatar todas as porcarias que comemos por dia....

Resumindo... se houvesse ali um buraco era meu.
Digam lá que não é outro grande momento kodak.


Torga: 100 anos

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Se fosse vivo, faria 100 anos.
No dia do seu 58º aniversário escreveu:

Gêres, 12 de Agosto de 1965.





Desgarrada

Na sina que me foi lida,
Este dia é sempre assim:
Sol na paisagem da vida,
E sombra dentro de mim.



Mas para mim, as palavras de Torga serão sempre as de "Um Reino Maravilhoso":

Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso.
Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade e o coração, depois, não hesite. (...)

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Desafio

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MELANCOLIA

Longamente esperei.
Nenhum encontro estava combinado.
Era apenas fiado
Na intuição do amor
Que confiava.
Afinal, não vieste.
E adivinho o motivo:
O lume da velhice não aquece.
Arde e parece
Vivo,
Mas arrefece.

Coimbra, 10 de Junho de 1980
Miguel Torga

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Desculpa.

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Não se escolhe de quem se gosta.
Normalmente gostamos do pior. Daquele que nos trata pior. Que não nos liga.
Parece que é a ruindade que nos atrai... ou a adrenalina da conquista do mais dificil.

Quem me dera ter te escolhido.
És amigo desde o primeiro dia. Eu sei.
E tu mereces alguém que te faça feliz. Mereces uma rapariga que goste de ti. Daquela maneira. Com o coração todo.

Tentei. E não é de agora. Tentei antes, tentei agora outra vez, mas é mais forte do que eu.
Não consigo gostar de ti. Assim. Daquela maneira. E acredita que se pudesse escolher, sei que me farias feliz.

Hás-de ser sempre amigo, farei tudo por isso.


Boas férias!

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Momento Kodak #1

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20:30, dia de semana.
Uma dessas grandes superficies. Um desses supermercados hiper: secção do champô e do gel de banho. Um bocadinho de nada ao lado.
Um casal. Ele com um ar arrumado. Calças beje, camisa azul clara. Cara de engenheiro informático. Dos seus 34 anos. Ela com cara de professora de português ou então de engenheira quimica. Dos os seus 33 anos.
Ele segurava na mão esquerda um pacote gigante de um conhecido detergente da roupa. Ela apontou-lhe para uma prateleira e disse-lhe qualquer coisa ao ouvido e ele sorriu-lhe. Um instante cumplice. Começaram a afastar-se da tal prateleira enquanto ele lhe segreda qualquer coisa ao ouvido.
(10 minutos mais tarde)
Já na fila para pagar, olho para a fila da esquerda. Ele segurava na mão esquerda um pacote gigante de um conhecido detergente da roupa. E por cima, muito bem segura, uma caixinha castanha.
Os dois sorriam cumplices.
Era novidade: aquela que tinham visto nos muppies da paragem do autocarro, à porta de casa. Até aposto.

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